quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A Felicidade está na prateleira ao lado



A vida humana é um constante processo de renovações e ressignificações. Com isso, inevitavelmente vemos uma drástica mudança de valores entre as gerações que vão e as que nascem. Tais mudanças correspondem ao olhar diferenciado que os seres humanos de diferentes épocas, aplicam à conceitos universais. Para exemplificar um conceito universal quero citar a felicidade. As palavras que definem um conceito universal podem até variar, mas no fim das contas elas significarão a mesma coisa. Falar em felicidade, por exemplo, é pensar em sorriso, satisfação, gozo. Em praticamente qualquer lugar do mundo existirá consenso nesta afirmação. Estamos felizes quando estamos satisfeitos, e essa satisfação é quase sempre impossível de ser escondida, vindo assim ao conhecimento de todos por meio de risos e expressões bastante características de gentileza e bom humor. Embora a presença da felicidade seja perceptível independentemente do lugar onde se esteja, as causas que levam à felicidade, vem se modificando ao longo dos anos, obedecendo ao principio de renovações nas relações humanas. As transformações advindas das renovações que me refiro são ambíguas, pois trazem consigo um misto de progresso e regresso. Mas nos concentremos na felicidade que é o nosso tema do momento. Quando se busca avaliar sinais de felicidade nos seres humanos existe um grande consenso nos sinais externos que caracterizam a satisfação para tal estado de prazer. O que nem sempre existe na verdade é consenso quanto aos motivos da felicidade nas mais variadas culturas e povos. Atualmente, em meio ao efervescente domínio do capitalismo em grande parte do mundo, a felicidade pode ser traduzida pelo título desse nosso texto: Ela está na prateleira ao lado, e como todo bom produto tem um preço! Não me refiro a preço como o esforço empreendido para alcançar um objetivo, mas sim a valor monetário, grana, dim dim, ou como você queira chamar. O entendimento dessa verdade está ao nosso inteiro alcance, e para isso te convido a exercitar sua memória, lembrando da última vez em que passeou num grande shopping center e por alguns minutos caminhou por largos corredores, repletos de vitrines atraentes. Nelas se encontram diversos itens que você não tem, e por mais incrível que pareça, esses itens ou produtos inanimados, quando revestidos de um aparato especial, tem quase que o poder de falar. Alguns até chegam a “ouvir” os produtos dizendo: Compre-me, compre-me! E nessas andanças por um shopping, apreciando tamanha quantidade de produtos dos mais variados, desfrutamos dum pequeno momento de felicidade. Sim, essa é a palavra. Me refiro até mesmo àquelas pessoas que não tem um tostão no bolso e só vão lá pra olhar. É do olhar mesmo que estou falando; o olhar e o desejar! A sensação momentânea de andar por corredores repletos de coisas que queremos e nos imaginar donos de todas elas, ah sim, isso é “felicidade”, passageira mas é. Em fração de segundos podemos nos transportar para um mundo ilusório no qual é possível desfrutar do ausente como se ele estivesse presente. Na realidade esse ausente está presente bem diante dos nossos olhos e é por isso que é tão fácil trazê-lo imaginativamente para perto como se de fato ele representasse uma realidade concreta. A felicidade nas vitrines é representada por tudo aquilo que não temos e queremos ter, e assim é desejada profundamente. Ela está lá em forma de produto pedindo para ser comprada, e com uma promessa arrebatadora: Sua vida não será mais a mesma. Diante de tal promessa é difícil resistir, a sensação transforma-se em convicção e o desejo passa a ser chamado de necessidade. Esse ciclo meio confuso e cansativo nos revela que nem sempre foi assim. Nem sempre foi preciso andar nos shoppings transformando a felicidade em tudo que os nossos olhos veem, mas não podem ter. Um dia, estar à mesa em família já foi felicidade. Ajudar alguém a ser melhor do que acha que é, ou superar os próprios limites, são sinônimos de um tempo onde a felicidade era mais barata e menos rara. Estava ao alcance de todos, pois não dependia de dinheiro e sim de disposição. Estar feliz hoje tem mais haver com a aquisição do que não temos, do que com o desenvolvimento daquilo que temos. Relembrando o nosso inicio, as renovações e ressignificações estarão sempre presentes no nosso caminhar, mas caberá a nós decidir até que ponto esses processos tem nos feitos seres humanos melhores e mais realizados interiormente. A felicidade não está na prateleira ao lado, e sim dentro de nós. E a melhor notícia? Ela é de graça!         


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O dilema do homem e o dilema de Deus



Diante do sofrimento humano é inevitável a pergunta por Deus. Onde estaria o grande Criador do universo enquanto acontecem injustiças e catástrofes? A resposta dessa vez será rápida e objetiva: no mesmo lugar de sempre, sendo Deus. Quem nos garante isso é o próprio Deus no livro de Malaquias 3:6 dizendo: Porque Eu, o Senhor, não mudo. Se ele não muda então é sinal de que continua onde sempre esteve. Mas é inegável que a pergunta por Ele é legítima, pois em qualquer lugar que surge um problema pergunta-se pelo proprietário. No entanto pelo que me consta, a escritura do planeta terra não tem a assinatura de Deus. Podemos achar o nome dele nos registros de arquiteto geral, mas proprietário não! A terra é dos homens, minha e sua. Gênesis 1: 26-30 confirma essa verdade. Ele tudo criou e deu ao homem para cuidar e dominar. Quem domina é o dono e nesse caso a bíblia é bem clara. A responsabilidade pelo curso duma casa não é de quem cria, mas sim de quem é dono. É aí então que vemos a pergunta por Deus se inverter na pergunta pelo homem. Não é mais o homem que procura por Deus exigindo explicações por aquilo que está fora do lugar. Deus agora aparece em cena à procura do homem como num replay do que aconteceu a milhares de anos atrás no Édem: E chamou o Senhor Deus a Adão e lhe disse: Onde estás? O “jogo virou”. O pecado tirou o homem da sua posição original e por essa razão Deus passa a procurar por Adão no jardim como se dissesse: você não está mais onde de costume. Não estamos no Édem, e essa pergunta ainda nos diz algo hoje. Ela é a resposta ao dilema do homem procurando por respostas divinas para os próprios conflitos. É isso mesmo; uma pergunta é a resposta! Encontramos a resposta pra muitas das nossas inquietações quando nos preocupamos em ouvir e responder a pergunta de Deus e não a nossa. É a pergunta dele que interessa; só ela tem algum sentido. Ouvir Deus perguntando sobre o lugar onde estamos pode significar ter que responder como Samuel dizendo: Eis me aqui, onde o Senhor me colocou. Ou responder como Adão: Estou aqui escondido e envergonhado e já não sei mais quem sou; perdi o rumo. É certo que ao mudarmos a direção de algumas perguntas poderemos encontrar as respostas que precisamos. Mas sempre lembrando que essas respostas não são de Deus para nós, mas sim de nós para Ele.