quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O poder anestésico da mídia





Quem não se lembra de um dia ter ficado horrorizado com alguma notícia macabra, veiculada em algum meio de comunicação? Pois bem. E agora, quem pode imaginar alguma notícia que seja macabra demais para ainda não ter sido veiculada? Difícil não é? Parece-me que estamos chegando naquele estágio tenebroso em que podemos dizer: Já vimos de tudo nessa vida! Se já vimos de tudo (ou quase tudo) as más notícias que nos chegam através dos meios de comunicação acabam perdendo a força de nos comover como antes, e pouco a pouco vamos nos acostumando com elas, até que fatos horríveis se tornem fatos normais. Esse fenômeno não é apenas devido à frequência com que as constantes notícias de violência são remoídas na televisão, internet, rádio, nos jornais e nas revistas. Além da frequência exorbitante desse tipo de informação, a maneira como elas são transmitidas, sem dúvida tem um enorme peso no processo de descensibilização do coração humano às mazelas do próximo. Nos noticiários televisivos os dramas da humanidade quase sempre encabeçam as demais notícias, no entanto, após alguns minutos de exposição do horror, envolvendo assassinatos pelos motivos mais banais, e crueldade adulta exercida sobre crianças, vira-se a página. E é assim que é! Não existem apenas notícias ruins para serem dadas, e por isso, de uma maneira gentil e com uma habilidade absurdamente incrível os apresentadores convidam os seus expectadores a mudarem de assunto com frases típicas: vamos falar de coisa boa agora não é? E então, com um entusiasmo cego que ignora a dor e desespero noticiados a segundos atrás, passa-se para próxima notícia, tida como boa, que pode ser o nome do novo técnico da seleção brasileira de futebol ou a presença de alguma estrela da música internacional no país, arrastando milhares de fãs frenéticos. Será que esse ciclo irá mudar? Sinceramente acho que não. Todavia, nós podemos mudar, à medida que aprendemos a refletir os processos que envolvem a nossa sociedade, sem sermos influenciados por eles de maneira ingênua. Esses processos envolvem a presença do individualismo, egoísmo, e outros “ismos” que nos isolam em um mundo só nosso e nos tornam indiferentes aos nossos semelhantes. Assim, será possível ter um coração sensível e doador, para estender a mão a quem precise de socorro ou consolo quando o jornal das oito acabar.                            

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

UM SONHO POSSÍVEL





Mais uma vez estamos às vésperas de uma eleição no Brasil. Dessa vez os cargos a serem ocupados são de vereador e prefeito nas mais variadas cidades brasileiras. Ironicamente (e drasticamente) o motivo que me levou a escrever sobre as eleições esse ano, é o mesmo pelo qual escrevi em 2010. Naquela ocasião para muitos eleitores a disputa eleitoral para a presidência da república foi marcada por um grande desgosto e pela tarefa nada agradável de ter que escolher entre o candidato que achasse menos pior. Havia um desgaste com a imagem do PSDB e uma desconfiança gigantesca com a candidata do PT, que hoje é a nossa presidenta. Por esses motivos, milhares de brasileiros se sentiram frustrados em não ter um candidato que de fato os representasse, mas precisarem votar na tentativa de impedir a vitória daquele que representasse uma possível ameaça ao país. Dois anos se passaram, não é mais a presidência que está em jogo, e os discursos de frustração se repetem na nossa querida Salvador. Não são poucos os que não acreditam e não simpatizam com nenhum dos candidatos a prefeitura, mas sentem-se na obrigação de salvar a cidade daquele que considerem uma ameaça. Nesse caso, os votos claramente não serão dados considerando melhores propostas e maior experiência administrativa da máquina pública. Assim, a esperança não será depositada naquele que mais pode fazer, e sim, naquele que tiver menor poder destrutivo. Entenda-se poder destrutivo como a interpretação de alguns eleitores, de que determinados candidatos carregam em si as marcas determinantes da ambição ao poder, e do vício político. Consequentemente, essa ambição os levará a manifestação da corrupção interior que eles já carregam dentro de si, e então conheceremos a corrupção externa que se materializará em atos corruptos. Eu entendo os eleitores que fazem essa explícita confissão de desesperança, e concordo com eles no que diz respeito a não nos sentirmos representados nas ultimas eleições. A própria disputa entre os candidatos revela que alguns deles estão mais preocupados em manchar a imagem do seu principal oponente, do que em debater ideias. Basta a constatação de que os nossos processos eleitorais beiram o ridículo, e por incrível que pareça, a cara das nossas eleições é a cara da nossa sociedade. Não sonho com uma sociedade perfeita, mas sonho com uma sociedade que se renove de forma integral, e da sua renovação, promova transformações nas mais diversas instancias, inclusive na política. Carecemos de bases bem alicerçadas, e para sonharmos com transformações políticas significativas, precisaremos antes investir no ser humano que compõe essa sociedade. Grande parte desse trabalho começa com a estruturação da família, que reestruturada poderá ser agente de transformação a partir dos seus, e expandindo-se no seu raio de alcance influencie pessoas a mudaram o mundo. Talvez seja impossível uma pessoa mudar o mundo, mas não é impossível uma pessoa mudar o mundo ao seu redor. Sonhar é preciso, mas as grandes conquistas estão reservadas para aqueles que podem dar as suas vidas por aquilo que acreditam. É por isso que o meu grande herói se chama: JESUS!

Heber Souza

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A GREVE DA POLICIA E AS CONSEQUÊNCIAS IMPREVISÍVEIS



Dois filhos de um policial grevista são assassinados em Salvador! Diante do caos que se instalou na cidade de Salvador nos últimos três dias, essa bem que poderia ser uma manchete real dos jornais locais, mas por enquanto é fictícia. Não foram dois filhos de um dos policiais grevistas que foram assassinados, mas muitos filhos de pessoas que nada tem a ver com a paralisação de parte da Policia Militar já foram ceifados nesses dias. Tem se tornado comum as reportagens que contabilizam o número crescente de vítimas da violência nesse período de greve. Mas imagino que seria uma coincidência desagradável e intrigante se a manchete fictícia citada acima para chamar a sua atenção fosse verdadeira. Desagradável porque seriam mais vidas se perdendo, e intrigante porque teria a repercussão alarmante de “tiro no pé”. Embora as informações ainda estejam meio desencontradas, fala-se que um grupo de policias ligado a uma associação decidiu entrar em greve pela reivindicação de melhores condições de trabalho, e tal e tal. Até então tudo normal, visto que as greves são reconhecidas como direito, e de fato os policias precisam de melhores condições de trabalho; isso é indiscutível. Todavia, outro ponto indiscutível é a maneira irresponsável com que alguns grupos sindicais se portam, diante de setores da sociedade que são essenciais para a vida humana (como a segurança, por exemplo). Não proponho aqui uma crítica aos policias, como se eles fossem os responsáveis pela decadência presente no Estado. Aliás, acho até que se não fossem os policias dignos e comprometidos a coisa estaria muito pior. No entanto vale registrar que a decisão de entrar em greve diante das reivindicações legitimas que foram mencionadas, deve ser a ultima das ultimas, depois de todas as tentativas de negociação terem se esgotado. Mas parece que o desejo de parar e pressionar o governo falou mais alto do que a consciência de cidadania dos policiais e principalmente das lideranças do movimento grevista. Milhares de pessoas em Salvador e outras cidades baianas tem sofrido com saques, arrastões, assaltos, troca de tiro entre bandidos, engarrafamento provocado por supostos policias, e etc. Todas as circunstancias citadas são pequenas quando comparadas a possibilidade de levar um tiro na cabeça e morrer na hora. Isso já aconteceu nesses dias, só que não foi com familiares dos policiais grevistas. Mas mesmo não tendo acontecido não é impossível, afinal de contas eles (familiares dos policias) estão entre nós. Caso algum policial grevista amargue a mesma dor que outras famílias têm amargado nesse momento, a greve atual será repensada com carinho, porque a dor experimentada na própria pele é outra coisa. Que o Senhor nos guarde!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A Felicidade está na prateleira ao lado



A vida humana é um constante processo de renovações e ressignificações. Com isso, inevitavelmente vemos uma drástica mudança de valores entre as gerações que vão e as que nascem. Tais mudanças correspondem ao olhar diferenciado que os seres humanos de diferentes épocas, aplicam à conceitos universais. Para exemplificar um conceito universal quero citar a felicidade. As palavras que definem um conceito universal podem até variar, mas no fim das contas elas significarão a mesma coisa. Falar em felicidade, por exemplo, é pensar em sorriso, satisfação, gozo. Em praticamente qualquer lugar do mundo existirá consenso nesta afirmação. Estamos felizes quando estamos satisfeitos, e essa satisfação é quase sempre impossível de ser escondida, vindo assim ao conhecimento de todos por meio de risos e expressões bastante características de gentileza e bom humor. Embora a presença da felicidade seja perceptível independentemente do lugar onde se esteja, as causas que levam à felicidade, vem se modificando ao longo dos anos, obedecendo ao principio de renovações nas relações humanas. As transformações advindas das renovações que me refiro são ambíguas, pois trazem consigo um misto de progresso e regresso. Mas nos concentremos na felicidade que é o nosso tema do momento. Quando se busca avaliar sinais de felicidade nos seres humanos existe um grande consenso nos sinais externos que caracterizam a satisfação para tal estado de prazer. O que nem sempre existe na verdade é consenso quanto aos motivos da felicidade nas mais variadas culturas e povos. Atualmente, em meio ao efervescente domínio do capitalismo em grande parte do mundo, a felicidade pode ser traduzida pelo título desse nosso texto: Ela está na prateleira ao lado, e como todo bom produto tem um preço! Não me refiro a preço como o esforço empreendido para alcançar um objetivo, mas sim a valor monetário, grana, dim dim, ou como você queira chamar. O entendimento dessa verdade está ao nosso inteiro alcance, e para isso te convido a exercitar sua memória, lembrando da última vez em que passeou num grande shopping center e por alguns minutos caminhou por largos corredores, repletos de vitrines atraentes. Nelas se encontram diversos itens que você não tem, e por mais incrível que pareça, esses itens ou produtos inanimados, quando revestidos de um aparato especial, tem quase que o poder de falar. Alguns até chegam a “ouvir” os produtos dizendo: Compre-me, compre-me! E nessas andanças por um shopping, apreciando tamanha quantidade de produtos dos mais variados, desfrutamos dum pequeno momento de felicidade. Sim, essa é a palavra. Me refiro até mesmo àquelas pessoas que não tem um tostão no bolso e só vão lá pra olhar. É do olhar mesmo que estou falando; o olhar e o desejar! A sensação momentânea de andar por corredores repletos de coisas que queremos e nos imaginar donos de todas elas, ah sim, isso é “felicidade”, passageira mas é. Em fração de segundos podemos nos transportar para um mundo ilusório no qual é possível desfrutar do ausente como se ele estivesse presente. Na realidade esse ausente está presente bem diante dos nossos olhos e é por isso que é tão fácil trazê-lo imaginativamente para perto como se de fato ele representasse uma realidade concreta. A felicidade nas vitrines é representada por tudo aquilo que não temos e queremos ter, e assim é desejada profundamente. Ela está lá em forma de produto pedindo para ser comprada, e com uma promessa arrebatadora: Sua vida não será mais a mesma. Diante de tal promessa é difícil resistir, a sensação transforma-se em convicção e o desejo passa a ser chamado de necessidade. Esse ciclo meio confuso e cansativo nos revela que nem sempre foi assim. Nem sempre foi preciso andar nos shoppings transformando a felicidade em tudo que os nossos olhos veem, mas não podem ter. Um dia, estar à mesa em família já foi felicidade. Ajudar alguém a ser melhor do que acha que é, ou superar os próprios limites, são sinônimos de um tempo onde a felicidade era mais barata e menos rara. Estava ao alcance de todos, pois não dependia de dinheiro e sim de disposição. Estar feliz hoje tem mais haver com a aquisição do que não temos, do que com o desenvolvimento daquilo que temos. Relembrando o nosso inicio, as renovações e ressignificações estarão sempre presentes no nosso caminhar, mas caberá a nós decidir até que ponto esses processos tem nos feitos seres humanos melhores e mais realizados interiormente. A felicidade não está na prateleira ao lado, e sim dentro de nós. E a melhor notícia? Ela é de graça!         


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O dilema do homem e o dilema de Deus



Diante do sofrimento humano é inevitável a pergunta por Deus. Onde estaria o grande Criador do universo enquanto acontecem injustiças e catástrofes? A resposta dessa vez será rápida e objetiva: no mesmo lugar de sempre, sendo Deus. Quem nos garante isso é o próprio Deus no livro de Malaquias 3:6 dizendo: Porque Eu, o Senhor, não mudo. Se ele não muda então é sinal de que continua onde sempre esteve. Mas é inegável que a pergunta por Ele é legítima, pois em qualquer lugar que surge um problema pergunta-se pelo proprietário. No entanto pelo que me consta, a escritura do planeta terra não tem a assinatura de Deus. Podemos achar o nome dele nos registros de arquiteto geral, mas proprietário não! A terra é dos homens, minha e sua. Gênesis 1: 26-30 confirma essa verdade. Ele tudo criou e deu ao homem para cuidar e dominar. Quem domina é o dono e nesse caso a bíblia é bem clara. A responsabilidade pelo curso duma casa não é de quem cria, mas sim de quem é dono. É aí então que vemos a pergunta por Deus se inverter na pergunta pelo homem. Não é mais o homem que procura por Deus exigindo explicações por aquilo que está fora do lugar. Deus agora aparece em cena à procura do homem como num replay do que aconteceu a milhares de anos atrás no Édem: E chamou o Senhor Deus a Adão e lhe disse: Onde estás? O “jogo virou”. O pecado tirou o homem da sua posição original e por essa razão Deus passa a procurar por Adão no jardim como se dissesse: você não está mais onde de costume. Não estamos no Édem, e essa pergunta ainda nos diz algo hoje. Ela é a resposta ao dilema do homem procurando por respostas divinas para os próprios conflitos. É isso mesmo; uma pergunta é a resposta! Encontramos a resposta pra muitas das nossas inquietações quando nos preocupamos em ouvir e responder a pergunta de Deus e não a nossa. É a pergunta dele que interessa; só ela tem algum sentido. Ouvir Deus perguntando sobre o lugar onde estamos pode significar ter que responder como Samuel dizendo: Eis me aqui, onde o Senhor me colocou. Ou responder como Adão: Estou aqui escondido e envergonhado e já não sei mais quem sou; perdi o rumo. É certo que ao mudarmos a direção de algumas perguntas poderemos encontrar as respostas que precisamos. Mas sempre lembrando que essas respostas não são de Deus para nós, mas sim de nós para Ele.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ano Novo



Há uma empolgação generalizada em torno das festas de fim de ano que precedem a chegada de um ano novo. O natal chega com a suposta comemoração do nascimento de Jesus, gerando a expectativa de presentear e ser presenteado. Famílias se reúnem em torno duma mesa farta (pelo menos as que podem) e celebram alguma coisa. Seja lá o que for só o fato de estarem juntos em comunhão reconheço que é maravilhoso. Fico me perguntado por que o “espírito natalino” não anda tão presente nos outros dias do ano, mas isso não vem ao caso agora. Vale a pena admitir que algo bom acontece nesse período. Talvez isso tudo faça parte de uma estratégia para motivar as pessoas a entrarem no novo ano que se aproxima com disposição e esperança. Também reconheço que isso é bom! Fazer confissões positivas, desejar um próspero ano novo, isso tudo tem o seu valor. Mas acho que o que mais precisamos ouvir ao fim de um ano que se vai e às vésperas de um ano que chega é o seguinte: Desejo que você construa um ano próspero e vitorioso. Desejo que não baixe a cabeça diante dos seus erros e que não seja impiedoso com os erros dos outros, porque você vai errar e as pessoas também. A euforia do ano novo nos tira um pouco da realidade e nos transporta para um mundo mágico que não existe. O que importa é que a vida vai continuar e que as coisas novas que esperamos terão que ser buscadas e conquistadas com afinco. O ano novo está chegando, mas as coisas novas não vêm no pacote: você faz acontecer! Por isso lhe desejo sabedoria para viver bem, e disposição para vencer. Por certo, todas as outras coisas serão acrescentadas por aquele que é dono dos anos que se passaram e dos anos que estão por vir. Seja feliz!